O céu noturno é coberto por inúmeras estrelas que iluminam nossas noites. Entre elas, destacam-se várias estrelas que, devido à sua magnitude aparente, se sobressaem aos olhos dos observadores. Sirius, Betelgeuse, Alpha Centauri, entre muitas outras.
A seguir, exploraremos cada uma das 10 estrelas mais brilhantes do céu noturno, suas características físicas, sua classificação espectral e alguns fatos interessantes que as tornam objetos de admiração.
1º. Sirius (Alpha Canis Majoris)
Magnitude aparente: −1,46
Constelação: Canis Majoris (Cão Maior)
Distância da Terra: 8,6 anos-luz
Sirius é a estrela mais brilhante do céu noturno. Seu nome deriva do grego “Seirios”, que significa “brilhante” ou “escaldante”. É uma estrela binária composta por Sirius A, uma estrela branca da sequência principal de tipo espectral A1V, e Sirius B, uma anã branca companheira.
Sirius A é cerca de duas vezes mais massiva que o Sol e 25 vezes mais luminosa. Como uma estrela de classe A1V, ela está queimando hidrogênio em seu núcleo, mantendo-se estável na sequência principal. Sirius B, por sua vez, é o remanescente denso de uma estrela que já foi maior que Sirius A, agora reduzida a uma anã branca do tamanho da Terra, mas com uma massa similar à do Sol.
2º. Canopus (Alpha Carinae)
Magnitude aparente: −0,74
Constelação: Carina (Quilha)
Distância da Terra: 310 anos-luz
Canopus é a segunda estrela mais brilhante do céu noturno. Seu nome tem origem na mitologia grega, derivado de Kanôbos, piloto da frota do rei Menelau de Esparta na Guerra de Troia. É uma gigante branca luminosa do tipo espectral A9II, indicando que está em um estágio avançado de evolução após a sequência principal.
Devido à sua alta luminosidade intrínseca, Canopus é cerca de 10.000 vezes mais luminosa que o Sol. Como uma gigante luminosa, ela já esgotou o hidrogênio em seu núcleo e está queimando elementos mais pesados, expandindo-se e aumentando seu brilho. Canopus é fundamental em astronomia para calibrar distâncias estelares, especialmente em regiões distantes da Via Láctea.
3º. Rigel Kentaurus (Alpha Centauri)
Magnitude aparente: −0,27
Constelação: Centaurus (Centauro)
Distância da Terra: 4,37 anos-luz
Uma das raras estrelas que são mais conhecidas pela sua designação de Bayer do que pelo seu nome próprio. Alpha Centauri é um sistema estelar triplo, sendo o sistema estelar mais próximo do Sol. Composto por Alpha Centauri A e B, que formam um sistema binário, e Proxima Centauri, uma anã vermelha que é a estrela mais próxima da Terra (além do Sol).
Alpha Centauri A é uma estrela amarela da sequência principal de tipo espectral G2V, semelhante ao Sol, queimando hidrogênio em seu núcleo. Alpha Centauri B é uma estrela laranja da sequência principal de tipo espectral K1V, ligeiramente menor e menos luminosa que o Sol. Proxima Centauri é uma anã vermelha de tipo espectral M5.5Ve, uma pequena estrela fria também na sequência principal.
Proxima Centauri é de grande interesse astrofísico por abrigar exoplanetas, incluindo Proxima b, um planeta de massa similar à da Terra na zona habitável de sua estrela.
4º. Arcturus (Alpha Bootis)
Magnitude aparente: −0,05
Constelação: Boötes (Boieiro)
Distância da Terra: 36,7 anos-luz
Arcturus é uma gigante vermelha de tipo espectral K1.5III. Seu nome vem do grego Arktouros, que significa “guarda do urso”, em referência à sua posição próxima à constelação de Ursa Major.
Como uma estrela de classe K1.5III, Arcturus é uma estrela de cor laranja-avermelhada que evoluiu além da sequência principal, tendo esgotado o hidrogênio em seu núcleo. Com um raio cerca de 25 vezes maior que o do Sol, está queimando hélio e outros elementos mais pesados. Sua alta velocidade peculiar sugere que pode ser uma estrela migrante de outra região da Via Láctea.
5º. Vega (Alpha Lyrae)
Magnitude aparente: 0,03
Constelação: Lyra (Lira)
Distância da Terra: 25 anos-luz
Vega é uma estrela branco-azulada da sequência principal de tipo espectral A0V. Foi uma das primeiras estrelas a serem fotografadas e é utilizada como referência de magnitude zero na escala de magnitude aparente.
Como uma estrela de classe A0V, Vega é mais quente e luminosa que o Sol, queimando hidrogênio em seu núcleo. Tem cerca de duas vezes a massa do Sol e é relativamente jovem, com cerca de 455 milhões de anos. Possui um disco circum-estelar de poeira, indicando a possível formação de planetas ao seu redor.
6º. Capella (Alpha Aurigae)
Magnitude aparente: 0,08
Constelação: Auriga (Cocheiro)
Distância da Terra: 42,9 anos-luz
Capella é, na verdade, um sistema estelar quádruplo, composto por duas gigantes amarelas em um binário íntimo e duas anãs vermelhas mais distantes. As gigantes são de tipo espectral G8III e G0III, indicando que são estrelas amarelas evoluídas além da sequência principal.
Ambas as estrelas gigantes de Capella já esgotaram o hidrogênio em seus núcleos e estão queimando hélio, expandindo-se e aumentando de luminosidade. O nome Capella significa “cabrita” em latim, refletindo sua representação mitológica na constelação de Auriga. É uma das estrelas mais brilhantes no céu devido à combinação de luminosidade das duas gigantes.
7º. Rigel (Beta Orionis)
Magnitude aparente: 0,12
Constelação: Orion (Órion)
Distância da Terra: 860 anos-luz
Rigel é peculiar, pois apesar da designação de Bayer ser “beta”, ela é a estrela mais brilhante de Órion. Rigel é uma supergigante azul de tipo espectral B8Ia, sendo uma das estrelas mais luminosas visíveis a olho nu. Possui uma luminosidade cerca de 120.000 vezes maior que a do Sol e uma massa estimada em 21 massas solares.
Sendo uma estrela de classe B, Rigel é extremamente quente e massiva, em um estágio avançado de evolução estelar. Sua cor azul indica altas temperaturas superficiais. Rigel é um sistema estelar múltiplo, com pelo menos duas estrelas companheiras. Devido à sua alta massa, espera-se que termine sua vida como uma supernova.
8º. Procyon (Alpha Canis Minoris)
Magnitude aparente: 0,34
Constelação: Canis Minor (Cão Menor)
Distância da Terra: 11,4 anos-luz
Procyon é uma estrela binária composta por Procyon A, uma estrela branco-amarelada de tipo espectral F5IV-V, e Procyon B, uma anã branca. O nome “Procyon” vem do grego prókyon, que significa “antes do cão”, pois ela surge no horizonte antes de Sirius, a “estrela do cão”.
Procyon A está em transição entre a sequência principal e a fase de subgigante, tendo começado a esgotar o hidrogênio em seu núcleo e expandir-se. Como uma estrela de classe F5IV-V, é ligeiramente mais quente e luminosa que o Sol. Procyon B é uma anã branca de grande interesse para estudos de evolução estelar.
9º. Achernar (Alpha Eridani)
Magnitude aparente: 0,46
Constelação: Eridanus (Rio Erídano)
Distância da Terra: 139 anos-luz
Achernar é uma estrela azul da sequência principal de tipo espectral B6Vep, notável por suas linhas de emissão peculiares devido à rápida rotação. Gira a uma velocidade de cerca de 250 km/s, fazendo com que seu diâmetro equatorial seja significativamente maior que o polar, resultando em uma forma achatada.
O nome Achernar vem do árabe Ākhir an-Nahr, que significa “fim do rio”, refletindo sua posição na constelação de Eridanus. Sua rápida rotação e peculiaridades espectrais são tópicos de interesse em estudos sobre a física estelar.
10º. Betelgeuse (Alpha Orionis)
Magnitude aparente: 0,0—1,6 (variável)
Constelação: Orion (Órion)
Distância da Terra: Aproximadamente 546 anos-luz
Betelgeuse é uma supergigante vermelha de tipo espectral M1-2Ia-Iab, uma das maiores estrelas visíveis a olho nu. Seu raio é estimado em cerca de 900 vezes o do Sol, e está em um estágio avançado de evolução, prestes a explodir como uma supernova nos próximos milhões de anos.
Como uma estrela de classe M1-2Ia-Iab, Betelgeuse é fria (em termos estelares) e extremamente luminosa, com uma cor avermelhada característica. É uma estrela variável semirregular, com flutuações notáveis em seu brilho. O nome Betelgeuse deriva do árabe Yad al-Jawzā’, que significa “mão de al-Jawzā'”. Um erro de grafia no século XIII registrou a inicial ba ao invés de ya, levando ao nome latinizado que temos hoje.
A real distância de Betelgeuse tem sido um assunto de pesquisa contínua. Pelo fato de ser uma estrela variável, é difícil medir sua distância a partir de seu brilho; e muito distante a ponto de seu ângulo de paralaxe ser extremamente pequeno. Estimativas mais recentes dizem que Betelgeuse está a aproximadamente 168 parsecs (546 anos-luz) de distância (Joyce et al., 2020). Esta estimativa vem de um estudo que refinou a distância da estrela usando uma combinação de dados observacionais e modelagens hidrodinâmicas.