O trio de estrelas, formado por Mintaka, Alnilam e Alnitak, forma o asterismo mais conhecido do céu noturno — tanto quanto a cruz do Cruzeiro do Sul. Popularmente chamadas no Brasil de “As Três Marias”, as estrelas do cinturão de Órion são três enormes gigantes azuis alinhadas que dominam o céu de verão do hemisfério sul.
O Cinturão de Órion
Como o nome já sugere, o Cinturão de Órion é um asterismo localizado na constelação de Órion.
A constelação de Órion como um todo é formada por estrelas bem brilhantes. Está também numa localização privilegiada, fora da visão do centro galáctico, o que permite que suas estrelas gigantes sejam realçadas; e próximo às constelações zodiacais, portanto, podem ser vistas tanto do hemisfério norte como no sul.
Bem no centro do quadrilátero formado por Rigel, Betelgeuse, Bellatrix e Saiph está o trio de estrelas conhecido como “O Cinturão de Órion”, ou como os brasileiros gostam de chamar, as “Três Marias”.
As três estrelas que formam esse asterismo, Mintaka, Alnilam e Alnitak, são gigantes azuis, estrelas jovens e muito quentes que se formaram há “apenas” poucos milhões de anos. Apesar do brilho intenso, estão relativamente longe da Terra, entre 1.200 e 2.000 anos-luz — mais do que Betelgeuse (640 anos-luz), Aldebaran (65 anos-luz), Capella (43 anos-luz) ou até mesmo Rigel (863 anos-luz), na mesma constelação. Isso mostra como as estrelas do Cinturão de Órion são enormes e brilhantes.
Vamos conhecê-las um pouco mais!
Mintaka
Mintaka, também conhecida como Delta Orionis (δ Ori) pelo catálogo Bayer, é, na verdade, um sistema quíntuplo — de cinco estrelas — agrupado em dois componentes principais:
- O componente principal é composto por três estrelas:
- A mais brilhante, Mintaka Aa1, uma supergigante azul da classe O9.5II;
- Mintaka Aa2, uma estrela branca da sequência principal (B1V);
- Mintaka Ab, uma subgigante branca (B0IV) que orbita as outras duas estrelas.
- O segundo componente é um sistema binário composto por:
- Mintaka B, uma estrela branca da sequência principal (classe B3V);
- HD 36485, uma estrela branca da sequência principal (A0V).
NOTA: para entender um pouco mais essas letrinhas, veja nosso post sobre classificação das estrelas.
O sistema Mintaka (do árabe, manṭaqa, que significa “cinto”) está localizado a 1200 anos-luz da Terra e, apesar de ser um sistema quíntuplo, das estrelas do cinturão de Órion, é a com menor magnitude aparente — apesar de a diferença de brilho ser quase imperceptível para muitos.
Alnilam
Alnilam, ou Epsilon Orionis (ε Ori), é a estrela do meio. É uma supergigante azul (classe B0Ia) localizada a aproximadamente 2.000 anos-luz da Terra. Sendo a quarta estrela mais brilhante da constelação de Órion, Alnilam tem 64,5 massas solares e uma luminosidade 832 mil vezes maior que a do nosso Sol.
Das estrelas do cinturão, e apesar de ser a mais distante, Alnilam é a mais brilhante tanto em magnitude aparente como em magnitude absoluta — veja mais na matéria sobre magnitudes estelares. Alnilam, cujo nome também vem do árabe, al-niẓām, “cordão de pérolas”, também é a única das três estrelas do cinturão de Órion a não fazer parte de um sistema múltiplo de estrelas.
Alnitak
Também conhecida como Zeta Orionis (ζ Ori) no catálogo Bayer, Alnitak é um sistema ternário, composto por três estrelas. A estrela primária, Alnitak Aa, é uma supergigante azul (O9.5Iab), Alnitak Ab é um pouco menor, uma subgigante azul classe B1IV. Essas duas estrelas formam um par e, por fim, Alnitak B é uma gigante azul (B0III) que orbita o outro par de estrelas em um período de longos 1.500 anos.
Alnitak está localizada a aproximadamente 1.280 anos-luz da Terra, próxima à Nebulosa da Chama, e, dentre as três estrelas do cinturão de Órion, tem o brilho intermediário. Assim como as outras duas, seu nome vem do árabe, an-niṭāq, que significa “o cinturão”.