O Grande Atrator é uma anomalia gravitacional localizada no espaço intergaláctico, no centro do Superaglomerado de Laniakea, que revela a existência de uma concentração localizada de massa equivalente a dezenas de milhares de galáxias.
O Grande Atrator não é um objeto ou uma estrutura, mas uma região. É uma concentração de massa que influencia o movimento de todas as outras galáxias, incluindo a Via Láctea. Esta massa é observável indiretamente pelo seu efeito no movimento das galáxias e dos seus aglomerados associados numa região com centenas de milhões de anos-luz de diâmetro.
A descoberta do Grande Atrator
O Grande Atrator foi descoberto pela primeira vez na década de 1970, quando mapas detalhados da Radiação Cósmica de Fundo estavam sendo feitos. Os astrônomos notaram que a Via Láctea e galáxias próximas estavam se movendo na direção da constelação de Centauro a cerca de 600 km/s.
Inicialmente, os astrônomos não conseguiram ver muito longe naquela direção porque as nuvens de poeira da Via Láctea bloqueavam a luz das regiões mais distantes (esta região é chamada de Zona de Evitamento), com o Grande Atrator dentro dela, dificultando qualquer descoberta. No entanto, em tempos mais recentes, os radioastrônomos conseguiram examinar através da poeira e do gás da Via Láctea e assim tiveram uma ideia aproximada do que poderia ser o Grande Atrator.
Os superaglomerados galácticos
Algumas das maiores estruturas conhecidas no Universo são os superaglomerados, como o Superaglomerado de Virgem, o Superaglomerado de Shapley, o Superaglomerado de Hidra-Centauro, entre outros. Esses superaglomerados são enormes aglomerados de aglomerados menores. Forma-se uma hierarquia: estrelas formando galáxias, galáxias formando os grupos e aglomerados, e os aglomerados formando os superaglomerados e filamentos.
As galáxias do Grupo Local estão lentamente se aproximando e se movendo em direção ao Aglomerado de Virgem, que está no centro do Superaglomerado de Virgem. Ao mesmo tempo, todas as galáxias deste superaglomerado dirigem-se para o seu centro. Da mesma forma, todos os aglomerados de galáxias nos outros aglomerados estão se movendo em direção aos seus respectivos centros devido à atração gravitacional que essas galáxias exercem umas nas outras, as maiores atraindo as menores.
Atualmente, a única explicação possível para esta perturbação é a existência de uma região onde há concentração de massa, e onde há massa, há gravidade: o Grande Atrator, uma região contendo massa equivalente a centenas de milhares de galáxias que exercem uma força gravitacional sobre todas as galáxias circundantes.
Mas o universo não está se expandindo?
Parece antagônico dizer que existe um Grande Atrator quando, na verdade, o universo está comprovadamente se expandindo. Afinal, se ele está se expandindo, o quê explica a existência de um poço de gravidade puxando tudo?
Antes de mais nada, lembre-se que as estruturas cosmológicas são gigantescas. Nas estruturas em grande escala temos diversos superaglomerados, e o nosso Grande Atrator se localiza no Superaglomerado de Laniakea. Portanto, o Grande Atrator é um fenômeno local, uma interação que ocorre em nosso superaglomerado e, de forma alguma, é um fenômeno que atua em todo o universo.
As galáxias do Superaglomerado de Laniakea (onde estamos) estão se atraindo mutuamente devido à força gravitacional entre as galáxias do próprio superaglomerado, mas todos os outros superaglomerados e filamentos do universo estão se expandindo. A imagem abaixo ilustra o fenômeno:
Em essência, embora o Universo esteja de fato em expansão, a gravidade do Grande Atrator e da estrutura maior do Superaglomerado de Laniakea tem apenas um efeito significativo local no movimento das galáxias, puxando-as para estas concentrações de massa e afetando as suas velocidades independentemente da expansão do universo.
Perto da escala do universo, o Grande Atrator, no final das contas, não é tão grande assim.